quarta-feira, 10 de março de 2010

imag-inem

porque eu emprestei minha câmera fotográfica e não tenho como abrir meu casulo a vocês. eu vou tentar por palavras. mas as cores as formas as fotos capturam com tanto mais graça. enfim. eu estou nu sentado à cadeira. está quente. mas se eu tirar o ventilador de cima do roteador a minha internet cai. então. eu prefiro sentir calor on-line. do que ficar frio numa ilha. meu quarto. as paredes estão escritas. coisas de adolescente. mesmo eu tendo vindo morar aqui já depois dos 20. eu tenho 22 anos. numa parede tem um trecho de um livro do blanchot. ele fala da impossibilidade de não ver característica dos artistas. na outra tem um poema sincero-mórbido do drummond chamado liberdade. na outra tem uma carta de suicídio que eu escrevi uma vez. não porque queria me matar. mas porque queria escrever uma carta de suicídio e imaginar como eu me despediria do mundo e de todas as coisas que eu amo. eu tive uma repentina vontade de chorar. agora. ouço alicia keys, o primeiro cd. porque. eu não sei. na verdade abri o winamp e o cd já tocou três vezes. na parede da janela não há nada escrito. porque a janela escreve melhor pelas imagens. é meu televisor preferido. na parede na qual há meu poema há também fernando pessoa que escreveu para mim, no dia do meu aniversário, um poema chamado aniversário. 15 de outubro de 1929. eu me emociono com coisas assim. eu estou amando gente e a coisa tá complexa aqui. bebi meia garrafa de vinho saint german merlot, nacional. sabe que nem é tão ruim? como não havia mais nenhum chileno. eu aprendi a gostar do que não gosto. comi um saco de pães de queijo, mas fui esperto. cortei todos eles e fiz o milagre da multiplicação. meu corpo dói. o colchão não está sobre a cama. nós dormimos ontem no chão da sala. porque estava calor e meu quarto se chama forno. sequer de microondas. enfim. os dois colchões sobre o chão da sala. eu vou dormir hoje lá. com a diferença de que dormirei acompanhado desta vez pela minha solidão. eu a amo. porque eu estou dizendo tudo isso. é essa uma violência que eu gosto. estou móido. vou sair. caso não, vou chorar. e depois eu seco. eu tô chorando na verdade para me fazer valer. e poder no espelho olhar essa cara e dizer a mim mesmo: isso faz parte do acontecimento. da vida. se debata. se debata. é assim mesmo, rapaz. é assim mesmo. vou dançar antes de dormir. luz da sala apagada. vindo luminosidade pela janela de qualquer estrela ou qualquer outra casa. vou dançar e dormir nu, feliz, desesperadamente cansado.


tomar insulina. beber um copo de leite desnatado.
acordo às 05h para estudar.


bjos,
diogo

Um comentário:

Anônimo disse...

imaginei!