sexta-feira, 18 de junho de 2010

maia

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Gostaria de começar pela incerteza. Parece-me curioso observar um mesmo movimento visto sob dois ângulos distintos. Ou seja, por mais de uma vez, o ator e encenador russo Meyerhold foi inquirido a negar seus princípios enquanto cidadão e artista. No entanto, não me parece equivocado dizer que ele o fez, que negou a si mesmo, por repetidas vezes. Mas, faço tal afirmação olhando a questão por outro ponto de vista. Pois aquele mesmo que nos tribunais soube resistir e defender suas opiniões, nas salas de ensaio soube ainda mais, pois se permitiu reconhecer mutante, capaz negar seus princípios e evocar novas maneiras de estar no mundo e de fazê-lo.

O mesmo artista que no início de sua carreira criticou uma dada maneira de se fazer arte, num outro momento de sua jornada o foi porta-voz da mesma. Toda essa instabilidade, toda essa incerteza, sugere uma postura inquieta e sem pudor frente à diferença. Saber amar e odiar, ao mesmo tempo.

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