sábado, 25 de setembro de 2010

a casa de cabeça para baixo










Assim que me recuperar vou colocar as coisas no lugar, abrir a janela e começar de novo.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

não Não

Diogo,

sim, tem amor. Você se move pela falta, pela idéia de um vazio absoluto, impossível de ser preenchido. Algo morto, que por isso move vida. Mas assim só é possível o degradado, o rompido, fragmentado, quebrado, amputado.

é incompleto só isso.

eu te entendo mais comigo as coisas não funcionam assim, mas acho que pra você é difícil demais. Incompreensível talvez.

Quer saber, estou ficando cansada disso tudo também, cansada do distanciamento, das verdades absolutas e dos vazios conservados. Se existe mesmo alguma espécie de amor que você pronuncia algumas vezes no jantar, se existe algum lugar em que ele se encontra o que interessa é que dessa maneira não quero mais saber. Eu saber de você e você não saber de mim, afinal o que interessa são os seus olhares, o seu pensar o seu agir. Enfim, a questão é que criamos uma grande mentira. O que acontece é que pra mim o tempo faz de algumas mentiras verdades.

e é aí que está nossa dor. A dor que me importa se for impossível dela escapar.
é esse o momento em que falamos de vazios irreparáveis.

Mas se você quer viver de afastamentos não posso fazer nada.

Não me proponha tijolos.

Nunca mais.

Azulejo colorido.

Todos falam demais.
Estou pensando, arquitetando.
Paredes não são bobas e, por isso, não aceitam conclusões rasas.

talvez seja o caso de ver o piscina para a casa.
de plástico mesmo.
eu não ligo.
quem sabe, dentro dágua, a gente descobre a razão de tanto soluço quando se bebe gelado.

tem coisa, muita coisa.
o espaço é enorme e eu preciso pensar.
preciso de tempo.
estou afundando,
sem bóia ou pranchinha.
fiquei horas sentando no banco,
esperando algum de vocês irem me buscar.
não se esqueçam nunca mais que aos domingos
eu faço aula de natação.

por favor, não vamos confundir nossos livros.
temos espaço para tudo.

NÃO

não se trata de amor, eu já disse.

 

se trata de falta. falta de amor.

sabe por que as prateleiras cismaram em quedar?
justamente.

 

 

como disse, tá tudo explícito. só você não vê. você não vê porque resolveu procurar dentro de casa algo que nem existe, mas que te dá a vaga sensação de existência, de família, de amor… essas coisas. por favor, isa, eu te peço. não bastasse se enganar a si mesma, você ainda quer levar todos os cômodos juntos? não.

me deixe.

no próximo jantar eu te convido: vamos comer tijolos. você tá precisando disso.

 

fique restrita à area. e tome cuidado para não escorregar nas lamúrias do tanque. ele te decupou inteira. ele sabe que você gosta de gotejar. e dançar sob si mesma liquefeita em gotas. me ajuda. eu não aguento mais.

 

 

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bom dia

Acabo de receber a notícia que eu menos queria receber agora nesse momento, com tudo que já tenho em mãos e nem sei como lidar.

Você anda gritando meu nome por aí, mais uma vez, de novo em vão. No vão que você criou e eu achei bonito.
Vão de 3 paredes, ou quatro, não sei quantas agora, fiz questão de deletar. Precisava fazer isso por mim. Sei que foram mais do que precisávamos.
Eu tentei te dar todos os motivos que poderiam te afetar pra você viver a transparência de nossos corpos, você não só não demonstrou interesse em suas ações como quando resolveu fazer algo entre nossas paredes se levantou e deixou a porta aberta. Não saiu e continuou sem responder meus movimentos com alguns motivos para eu ficar. Qualquer motivo que fosse seu, de mais ninguém.

Quando olhei pra trás vi só paredes transparentes esquecidas, mais nada.

Desculpe se saí sem dizer nada. Sei que não é do meu feitio, mas se falasse um "ai" seria impossível, mal ou bem você me estimulava a sonhar e a ver alegria quando havia risco. Era bonito.

Mas agora o risco está entre outros corpos, novas casas. É bonito também, muito graças a você.

E apesar de nossas mentiras, nossas invenções sobre "nós", continuo aceitando seus gritos. Mas se for pra eu ouvir. Nada mais que chegar até mim diretamente causará impacto.

Quando se aproximar, se quiser, será bem vindo, mas peça licença. Já disse, a casa é outra.

de dentro

é amor e só, APENAS e unicamente por esse motivo preciso de um mapa. Tenho medo são muitas paredes, elas só aumentam, crescem, me perdi.
Mas sei que posso me achar, sei porque tem quem me procure nisso tudo.
Agora é a hora de juntar todas as informações necessárias, usar de outros artifícios, proferir frases já ditas antes, resgatar uma memória, citar até quem está fora da casa. Trazer pra dentro, deixar a porta aberta. Só não saia de fininho se meu corpo se tornar reação. Do nosso. Eu não vou sair por aí sem você. faça algo pra fazer valer isso tudo.

tudo

Não é nada disso.
E que bom, que bom que pelo menos você enxerga. Alguém tinha mesmo que duvidar de mim nessa parede.
Você me escreveu dizendo que somos infantes e que bom que foi ler isso. Sim, somos e é por isso que a dúvida pode virar abrigo.

Joga pra frente e reage. Só estou te provocando pra ver se alguma ação é produzida nisso tudo.

quem paga pra ver?

domingo, 12 de setembro de 2010

precisamos de um mapa

para nos guiar. está cada vez mais difícil adivinhar por onde as prateleiras estão nos levando. está cada vez mais difícil acreditar na nossa vontade de constituir família. desculpem. mas pareceu um sonho. só que eu acordei. eu caí da cama. eu sei lá. agora é difícil manter a calma. por isso vim aqui, ao confessionário, falar, escrever, especular, sobre isso que não sabemos o que é. isso que nos costura e que não é amor. amor a gente não////////////////// é o sono.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

perdão

minhas cartas foram queimadas junto com a erosão
minhas cartas foram queimadas com aquela chuva
minhas cartas foram queimadas no forno do fogão
minhas cartas foram queimadas ao vento
minhas cartas foram queimadas pela ferrugem
e pelo tempo pela poeira pelo contratempo
que me impediu de as enviar

foram queimadas sem selo
sem sorte capaz de bancar correio
e fazer com que chegassem seguras
as cartas
até você.

o que não houve foi segurança,
eu peço desculpas

minhas cartas se queimaram no natal
quando a família revirava os cômodos das gavetas
para encontrar combustível à lareira.

sabe o que aconteceu
(além de minhas cartas terem sido queimadas?)
aconteceu que fez muita fumaça dentro de casa
e a ceia teve que acontecer na varanda
dispersa
sem mesa
sem nem mais vela
nada
absolutamente nada
ali apenas nós
a vaga ideia de família
e um peru
m o r t i f i c a d o.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

sem

Era preciso coragem. Eu gosto disso. De inventar em mim uma coragem e uma força inexistente. E me colocar à prova, até a última torsão do corpo. Até que a dor seja insuportavél. Porque era mais insuportavél a idéia de não amor. de não dizer e se rasgar sobre os amores. Era preciso, em minha mente, ser intensa. É sobre o amor que inventei para permanecer em pé. Porque eu já nem sei até que ponto essa dor se deu de verdade. Falei com você sobre isso, ontem. Que eu não sei onde eu sinto, onde eu invento, e finjo sentir. Mas acredito em tudo que invento! Porque dói. Dói tanto e mais que aquele amor primeiro. Simples. Sem apelos e peles. Eu nos inventei. Aliais, inventei seu corpo em mim, porque não há possibilidade da minha existencia sem uma paixão. Isso é cruel. Eu sei. Eu acho. Mas deixe-me. A violência é minha. Não estou pedindo cuidado, nem pena, nem que você seja inteira, ou em pedaços. Não sei.
Ontem a encontrei e ouvi sua saliva e " você está pessimista. Não era assim. Antes seus olhos brilha:vam e pareciam sempre apaixonados". Eu me assustei. Não sei mais sobre esse controle que nunca acreditei ter. Mas minha invenção colocou-me de lado. Deixe-me. Ela deixou-me. Não me lembro se sorri ou chorei.  

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

ãme

não, não doeu hoje o dedo indicador esquerdo sendo espremido no cadeado, não doeu a batida do alicate sobre a unha, não doeu o dinheiro ter ido feito tivesse asas, não doeu o cigarro, não doeu nada disso. hoje doeu já no fim do dia, quando cansado despido em casa com os olhos querendo se despidir, enfim, quando assim, voltei a ler umas coisas que havia escrito para a minha mãe, no orkut, em aniversários passados, enfim:

 

ai que saudade q eu tenho sentido ultimamente!
e sempre q eu volto pra casa é pior, porque sei que depois vou ter que voltar novamente para outra casa, que não é casa, porque casa sem mãe não é casa.
tem um filósofo aí que escreveu
"casa é o lugar de onde partimos"
putz, ele tinha toda a razão
pena que não viveu o suficiente para conhecer a era das casas móveis
dos contatos virtuais
do amor além do presente
e também, mãe
pena que não viveu o suficiente pra te conhecer
casa é sim o lugar de onde partimos
mas também o lugar para onde voltamos
tá confuso?
eu vou ser literal
"mãe é o lugar de onde partimos"
pronto.
não é lindo?
e é a mais pura verdade
te amo
para sempre
e esse é o único "sempre" que eu posso ter certeza que sempre será.
FELIZ ANIVERSÁRIO!!!
diogo

 

 

 

 

mãe,
dizer que você é a melhor mãe do mundo não faz sentido, pois todos os filhos dizem isso, e no final da história, todas as mães acabam sendo iguais, o que é muito empobrecedor.
não lhe escrevo estas palavras para dizer o quanto você é essencial em minha vida, nem para te encher de adjetivos que no fundo sempre serão poucos para te delimitar, mas escrevo, somente, como manifestação do que chamamos ser amor.
te amo, sim, a cada dia, em doses distintas. te amo com e sem precauções. silenciosamente ansioso pelo abraço de retorno, ou por simplesmente estar perto de você. pedi liberdade e você me deu. hoje moro distante, mas sinto falta das asas de mãe. às vezes tudo o que preciso é de alguém que faça o mundo parar e tudo parecer menos importante do que eu mesmo. do que a gente. às vezes, mãe, tudo o que eu preciso é de um ligeiro abraço seu.
feliz aniversário
para a coisa mais deliciosa da minha vida
te amo eternamente
diogo

 

 

 

e o status de mamy:

Estou muitoooooooo feliz !!!! "A felicidade às vezes é uma benção, mas geralmente é uma conquista" Bob Marley

 

 

 

donde lá ela tirou isso?