domingo, 17 de outubro de 2010

poeira entre o encontro das duas paredes da sala de estar

a verdade é que tá tudo correndo e a gente usa isso como pretexto para não se encontrar. está acontecendo com todos nós e eu acho digno que neste momento de clareza - minha - eu venha até vocês manifestar nosso erro. a nossa mútua falta de noção. sabe? não adianta dizer que não deu, não adianta empurrar a vida ao diante. ela acontece agora, neste exato minuto ela não espera o amanhã. percebam: nossa vida nunca será o futuro, nunca será o que poderia ser ou o que pudera ter sido. nossa vida sobrevive pendurada em segundos. neste no qual escrevo, e no seguinte que só é porque já derrubou o anterior e se fez presente, se fez grito.

eu não sei porque me dou ao trabalho de lhes dizer sempre o mesmo. me sinto mal, me sinto forçando a barra. e há tanto a ser feito. faxinar a sala a cozinha e o banheiro. colocar os objetos em seus respectivos lugares. por que é que temos tantos objetos? sinceramente, às vezes eu acho que temos medo de nos ver de verdade. medo de nos tocar, medo de compartilhar a pele e, inevitavelmente, o sabor do fracasso. por isso o ralador de cenoura, por isso os tapetes, por isso o porta copos e os sabonetes líquidos. por tudo isso as esponjas.

nossos encontros são utopias repentinas. queimam-se no tempo de um flash. somem sobre si mesmas. eles acontecem e tão rápido se consomem e morrem. eu (acho que) estou cansa(n)do da gente. mas é provável que vocês sequer venham a ver (pode ser que ela venha a ler tudo isso em novembro apenas). é provável que a outra veja por estes dias e ainda assim finja nada ter visto. é provável que neste exato instante, em que ela - você - lê isso, venha a querer se vingar de mim escrevendo algo ainda pior do que isso.

ele vai soltar algum comentário histriônico. a outra vai mudar de assunto. sim, juntos nós somos muitos. mas incapazes de sermos quem somos, de fato.

mas o que vocês não percebem é que somos filhos da psicologia reversa. somos filhos do contra. somos filhos do amor disfarçado em ódio.

eu vou fazer um café, arrumar uma ou outra coisa, lavar uma camisa, sei lá.

eu vou tentar fazer o meu domingo terminar uma semana que já terminou, mas que eu preciso acreditar que ainda está para começar.

2 comentários:

Caio Riscado disse...

este nosso filho aqui tem data para nascer.
sinto saudade.
sinto calor.
sinto o meu suor
e o seu cansaço.
sinto.
muito.

Isadora Malta disse...

7 dias para entrarmos em novembro.

dia prevista para eu voltar aqui. Também estava ocupada fazendo café e doida para te receber.

aproximar a pele minimamente. Dividir o cobertor nos dias frios que fizeram ou até a conta do ar condicionado. Estou disposta a tudo. Mas temos um combinado. Datas marcadas em todas as agendas. Se você não souber viver comigo o que somos agora não vai poder ver que ainda seremos capazes de sermos aquilo que somos de fato.
Sim, você está certo. Acontece no presente.

Talvez estejamos em tempos diferentes. A única forma de passado é nos encontrarmos em algum momento. Espero que seja próximo ao ainda não riscado na agenda.

desculpa se (tento) escrever algo pior.

Ainda não consigo agir de outra forma. Mas se você estiver comigo e quiser me ajudar talvez eu consiga.

ao nosso casamento vida longa.